PRIMEIRA CHAMADA: Encontro Mundial sobre Clima e Vida. Oaxaca, Mx, Nov 2024.

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Faz pouco mais de dois meses que publicamos a Convocatória para o Encontro Global pelo Clima e a Vida, agora mais conhecido como ANTICOP 2024, queremos compartilhar que recebemos centenas de e-mails e inscrições de pessoas de diferentes regiões do México e do Mundo, estamos profundamente gratos pelo interesse nesta iniciativa que se organiza a partir das raízes e experiências históricas de comunidades, movimentos e organizações indígenas, camponesas e populares, com o apoio de coletivos solidários com os quais temos organizado atividades e ações em conjunto há alguns anos. Gostaríamos de pedir a todos aqueles que ainda não receberam uma resposta que não se desesperem. Vamos devagar porque estamos a ir longe, sem pressa, mas sem pausa. E assim continuamos.

O encontro é uma iniciativa anti-capitalista, antirracista, anti-patriarcal, anti-colonial e anti-imperialista, por isso é de vital importância promover os encontros entre as organizações de todos os cantos do mundo que lutam pela vida e são uma semente de resistência e luta. Devido ao grande número de inscrições, à diversidade de temas que cada processo trabalha e aos desafios logísticos que este encontro representa, estamos a trabalhar para que haja o maior espaço possível para a inclusão de todas as vozes, dando prioridade às delegações que vêm de cantos distantes do Sul Global, uma vez que o seu transporte representa um esforço considerável tanto para as pessoas como para a equipa de coordenação e organização. Por esta razão, consideramos importante comunicar e partilhar a seguinte informação, de forma a sermos o mais claros possível sobre os próximos passos:

O objetivo geral do encontro é construir redes entre movimentos climáticos globais e processos territoriais de base através de:

– Troca de conhecimentos para aprendizagem mútua e adaptação de tácticas e estratégias bem sucedidas a diferentes contextos.

– Fortalecimento de redes de apoio fortes para fornecer apoio em tempos de crise e pressão externa.

– Coordenação e conjugação de esforços para que as acções locais tenham um impacto global e vice-versa, garantindo uma resposta mais coesa e poderosa aos desafios comuns.

A necessidade de continuar a tecer e a reforçar as redes entre o movimento climático e de solidariedade internacional e os processos territoriais de base decorre da luta histórica pela defesa da terra e do território dos povos indígenas e autóctones, que têm defendido a Mãe Natureza, a biodiversidade e os ecossistemas que há gerações sustentam a estabilidade climática do Planeta, No entanto, enfrentamos atualmente uma profunda crise civilizacional que se agrava com o aumento dos megaprojectos, dos conflitos armados, das deslocações forçadas, da militarização, das migrações, da monetização da vida e das secas severas, que as comunidades e os povos do Sul Global estão a viver em primeira mão, destruindo o nosso presente e ameaçando assim o futuro da humanidade.

Para realizarmos uma análise profunda da realidade que nos permita identificar os desafios e as apostas actuais, bem como trocar experiências e estratégias na Defesa da Terra, dos Bens Comuns, dos Recursos Naturais e do Território, identificámos 4 Pilares de Colapso interligados por várias crises históricas e actuais, presentes em diferentes regiões do planeta, principalmente no Sul Global, sendo A CRISE CLIMÁTICA a de maior impacto transversal a todas:

  1. Megaprojectos e Militarização: analisaremos os impactos dos megaprojectos e da militarização na crise climática, especificamente nas comunidades locais do Sul Global em termos de ambiente, economia, autodeterminação e segurança, de forma a partilhar estratégias de mitigação e adaptação a estes efeitos. Analisaremos o atual contexto geopolítico entre as potências do Norte Global que reorganiza fronteiras, costumes e territórios no meio de guerras económicas e militares em várias regiões do Planeta.
  2. Migrações e Deslocações Forçadas devido a Conflitos Armados, Crime Organizado e Alterações Climáticas: analisaremos as causas e consequências das migrações e deslocações forçadas, procurando soluções abrangentes e humanitárias, analisando a influência dos grupos armados e do crime organizado nos territórios, e a sua relação com a economia transnacional. Partilharemos a realidade cada vez mais presente da deslocação climática de populações junto as linhas costeiras que estão a desaparecer devido à subida do nível do mar, bem como as secas extremas, a destruição ambiental e a construção de mega-barragens.
  3. Monetarização e mercantilização da Vida: Aprofundaremos a análise dos mecanismos financeiros internacionais que incentivam o extractivismo, como os fundos de reforma, os seguros, os investimentos de bancos privados, a dívida externa e as imposições políticas do Norte Global, bem como os impactos das falsas soluções climáticas, instrumentos económicos de greenwashing que se impõem como trocas de dívida e os chamados créditos de carbono. Discutiremos as reparações por perdas e danos face à dívida climática histórica ao Sul Global, e examinaremos os efeitos acelerados da turistificação e da gentrificação nas comunidades locais, abordando a forma como estas dinâmicas transformam os espaços urbanos e rurais, deslocando as comunidades indígenas e exacerbando as desigualdades sociais e económicas.
  4. Crise global da água; analisaremos em detalhe a crise da água a partir de múltiplas perspectivas em diferentes regiões do planeta, considerando a pilhagem e a apropriação por parte das indústrias extractivas, turísticas e imobiliárias, bem como a escassez, a poluição e a gestão sustentável dos recursos hídricos, e a forma como estes problemas afectam diretamente as comunidades indígenas e camponesas nos seus territórios, pondo em risco a sustentabilidade alimentar interna, bem como o abastecimento de água potável e de alimentos às grandes cidades e zonas urbanas.

Embora tenhamos identificado 4 pilares de colapso ligados entre si pelas várias crises, a conversa não se limitará a eles, procuramos partilhar e alargar o horizonte coletivo desses desafios comuns, por isso, no âmbito do Encuentro, serão realizadas várias actividades e fóruns na cidade de Oaxaca, concebidos para discutir questões-chave com diferentes sectores do movimento social. As actividades estão organizadas por sectores de Debate, Grupos de Trabalho e Oficinas sobre:

  • Luta Sindical: Análise de como a crise climática e os megaprojectos afectam os direitos laborais e as condições de trabalho, procurando estratégias para reforçar a defesa dos direitos dos trabalhadores.
  • Pesquisa-ação participativa: Apresentação de pesquisas e estudos sobre os temas do encontro, criando um espaço de troca de conhecimentos científicos e académicos.
  • Feminismos, lutas anti-patriarcais e dissidências de género: Diálogos sobre a intersecção entre a crise climática e a violência de género, a criação de estratégias inclusivas e equitativas para enfrentar estes desafios.
  • Direitos Humanos e Organizações da Sociedade Civil: Debate sobre a proteção dos direitos humanos em contextos de deslocação forçada, violência armada e megaprojectos, e formulação de recomendações políticas.
  • Saúde tradicional e comunitária: Debates sobre a forma de integrar os conhecimentos tradicionais em matéria de saúde com a medicina moderna, explorando práticas de cura ancestrais e comunitárias em combinação com os actuais avanços científicos para promover uma abordagem holística do bem-estar nas comunidades.
  • Migração e deslocação forçada: Reuniões para partilhar experiências e desenvolver propostas concretas para a assistência e proteção dos migrantes e das pessoas deslocadas.
  • Habitação condigna face à turistificação e à gentrificação: Análise de casos de turistificação e gentrificação, partilha de estratégias comunitárias de resistência e organização face a estas transformações urbanas.
  • Crise Mundial da Água: Mesas redondas sobre a gestão sustentável da água, a proteção das fontes de água e as políticas necessárias para garantir o acesso equitativo à água potável.
  • Energia: Debate sobre as abordagens da chamada transição energética, o decrescimento, a pobreza energética, as propostas de autonomia energética e a exigência de reconhecimento da eletricidade como um direito humano, analisando as desigualdades económicas e de classe.
  • Comunicação Comunitária: Workshops e fóruns sobre a importância dos meios de comunicação comunitários, livres, independentes ou outros, explorando ferramentas e estratégias face aos desafios actuais.
  • Agroecologia e Soberania Alimentar: Discussões sobre práticas agrícolas sustentáveis e a importância da soberania alimentar em tempos de crise climática. Serão partilhadas experiências e conhecimentos sobre agroecologia, destacando a necessidade de promover sistemas alimentares locais e resilientes que beneficiem as comunidades e o ambiente.
  • Arte e Cultura: Queremos alargar o convite a pessoas que trabalhem em diferentes áreas da arte, numa perspetiva crítica, para partilharem os seus trabalhos que reflictam a riqueza cultural das comunidades do Sul Global e as suas resistências.

INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA AS PESSOAS QUE PARTICIPAM PRESENCIALMENTE

A equipa de Organização e Coordenação decidiu dar prioridade às delegações e aos processos territoriais do Sul Global. Estas delegações, que incluem representantes de África, Ásia, Abya Yala e Oceânia, provêm de regiões que enfrentam os maiores impactos da crise climática, dos megaprojectos e da violência sistémica. A sua participação é essencial para garantir que as vozes mais afectadas e com os conhecimentos mais práticos liderem as conversas e as soluções durante o Encontro. Estamos a trabalhar arduamente para solicitar os seus vistos e para gerir os recursos necessários para assegurar a deslocação dos que necessitam. Isto é essencial para garantir o carácter verdadeiramente global deste evento.

Em seguida, partilhamos uma série de pontos-chave para a segurança e o bom desenrolar das actividades:

Espaço de solidariedade e logística

  • As actividades terão um local principal num espaço solidário. Este espaço oferecerá alojamento e alimentação para as delegações do Sul Global, bem como para as comunidades e organizações indígenas, camponesas e populares que foram convidadas e manifestaram interesse em participar.
  • É importante salientar que, por razões de segurança, em acordo e respeito com as regras do espaço de solidariedade, os participantes não serão autorizados a sair até o encerramento do Encontro. Isso para garantir a segurança de todos os presentes e manter a integridade das atividades programadas.

Regras de convivência

  • Durante o período de duração do Encontro, o consumo de álcool e drogas será estritamente proibido em todos os locais das atividades. Esta medida é necessária para garantir um ambiente seguro e respeitoso para todos os e as participantes.
  • Será mantida uma política de tolerância zero para qualquer ato de sexismo, discriminação, racismo e qualquer outra forma de violência contra as pessoas presentes. Queremos que este Encuentro seja um espaço inclusivo e seguro para todos e todas.

Opções de alojamento

  •  Apesar de estarmos à procura de opções de alojamento solidário, convidamos as pessoas interessadas em participar nas actividades a alojarem-se por conta própria durante o Encuentro. Isso ajudará a garantir que as instalações possam acomodar adequadamente as pessoas mais necessitadas.

Actividades e participação do público

  • Haverá espaços abertos ao público em geral durante os dias do Encuentro, enquanto serão realizados trabalhos internos e diálogos entre as delegações do Sul Global. Estes diálogos são cruciais para as delegações trocarem experiências, desenvolverem propostas e estratégias que depois levarão para os seus territórios.
  • Paralelamente, estas actividades públicas terão lugar em diferentes locais da cidade de Oaxaca, tais como fóruns de discussão, mesas de trabalho, workshops e eventos de solidariedade político-cultural. Estes eventos contarão com a participação de delegações do Sul Global e têm como objetivo a partilha de conhecimentos e a construção de alianças.

Evento Político-Cultural Final

  • O objetivo destes trabalhos paralelos e diálogos internos é culminar num grande evento político-cultural público onde serão partilhados os resultados de todo o trabalho e diálogo no âmbito do ANTICOP. Este evento político-cultural final será uma oportunidade para consolidar as propostas e estratégias discutidas, e para celebrar a solidariedade e o compromisso partilhado na luta por outros mundos possíveis.

Agradecemos a compreensão e a colaboração de todas as pessoas. Juntas, podemos garantir que este Encuentro será um espaço de aprendizagem, solidariedade e ação efectiva.

O prazo de inscrição termina a 8 de julho.
https://forms.gle/6ocanF7uGekFDWQu5

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